19.8.08

:: OLHA PRA TUA CARA ::

Há um bom tempo eu já não escrevo nesse espaço. Falta de tempo e preguiça, confesso. Comecei a trabalhar numa revista daqui da cidade, meu primeiro emprego pós-faculdade. Agora minha rotina jornalística ficou um pouco conturbada. Continuo trabalhando no escritório do meu pai, na parte da manhã, e à tarde na revista. A minha sorte é que a periodicidade do veículo é mensal, conseqüentemente a rotina não é tão estressante como a do jornalismo diário. Porém, não há jornalismo sem estresse. Os dois são como unha e carne, estão ali, juntinhos sempre.

Mas é que um fato vem chamando a minha atenção nos últimos dias. As Olimpíadas. Esse grande elefante branco capaz de mobilizar o mundo inteiro. As pessoas perdem noites de sono para ficarem assistindo os jogos olímpicos. Os diálogos sempre caem no comentário do último placar da partida de vôlei, a medalha do salto a distância, a velocidade do nadador mega-power! É quando eu me pergunto: e a realidade da política brasileira, como anda?

É absurdamente engraçada a capacidade que a sociedade tem de parar para pensar as olimpíadas e ninguém pára para pensar sobre toda essa droga que a gente está vivendo. Toda essa dedada que a gente está levando. E a gente vai levando...

Pelamordedeus! Vejamos o Diego Hypólito. Pena eu não ter uma oportunidade daquelas para enfiar o dedo que o Lula não tem no próprio c-u dele!

Quando o ginasta perdeu a medalha de ouro os repórteres caíram sobre os seus ombros e pesou como responsabilidade dele fingir para o mundo que por aqui está tudo bem. Mas era essa a oportunidade de glória do rapaz, pena não ter enxergado. Mas não enxergar parece ser a maior deficiência do brasileiro.

Quando os repórteres enfiaram os microfones na sua cara como uma inquisição medieval e católica, cobrando a vitória, o bundão pede desculpas! Diego, deixa o titio aqui te ensinar: naquela hora, aquele cara lá de cima que todo mundo chama de Deus, te deu a oportunidade de virar e explicar para o Brasil e para o mundo que toda aquela desgraça, toda aquela vergonha era do Brasil, não era sua! E que aquilo tudo aconteceu porque o povo brasileiro não é enxergado pelos seus governantes! Falta incentivo, investimento nas diversas áreas sociais do nosso país. O governo está como os cavalos do dito popular: cagando e andando para o seu povo.

O máximo que aconteceria era o besouro Lula responder: Eu não sabia que o esporte precisava de investimento! Assim como ele não sabia da roubalheira do mensalão. Ele não sabe, também, que além do esporte, a cultura, a educação, a economia, a saúde, tudo isso precisa de investimento, de incentivo. O nosso povo brasileiro precisa de um olhar.

Por isso que eu levanto a bandeira de que o Brasil tinha que voltar da China [Comunista] sem nenhuma medalha. Com um pesado quadro de derrotas. Seria a derrocada da máscara de que tudo está bem. Vamos quebrar esse casulo!

Obviamente, todos os esportistas merecem, e demais, ganhar as competições. Porque eles vêm do nada para chegarem ao tudo! E são merecedores de qualquer vitória. Aliás, conseguir chegar lá já uma vitória, para um país que vive de misérias, governado por um bando de borra-botas!

Mas é que, enquanto todos atentam os olhares para os jogos olímpicos, ninguém sabe o que está sendo aprovado na Alerj, no Senado. Ninguém olha para essa distribuição de renda desordenada, para essa pobreza esfregada na nossa cara. Oh, Brasil, mostra a tua cara! Olhe-se no espelho e admita que está tudo uma droga! Nada muda enquanto ninguém aceitar a realidade. E a nossa está vestida de trapos!

Povo, pára de fingir que está tudo bem! Começa a pensar a sua realidade. Será que vai ser necessário uma revolução ao contrário da de 64? Vamos lutar. A mudança é celular. Começa nos pequenos grupos e vai se disseminando. Enquanto cada um estiver mergulhado nesse inebriante discurso pós-moderno, tudo vai de mal a pior. Até o dia em que a dedada for única e exclusiva em você. Pois, por enquanto, está no anel da sociedade, mas cuidado: pode deixar de ser no cu do coletivo, para ser no seu cu.