2.7.09

:: ETERNIZADO ::


Hoje, o que mais se fala é na morte de um mito. No fim de um ciclo. Término de uma era. Michael Jackson deu adeus, fatalmente.

Particularmente, estou impressionado, entristecido, talvez magoado com a morte desse artista. Desde criança ouço seus clássicos. Meu irmão é fã e assistia repetidamente seus videoclipes e decorava os passos que o cantor eternizou. Aprendeu a fazer o “moonwalking”.

Lembro-me, claramente, do dia em que meu irmão ganhou o disco de vinil do álbum Thriller. Algum tempo depois, meu tio trouxe, dos Estados Unidos, uma fita K-7 de Bad. Foi o êxtase e uma overdose do mito. Ele era a sensação da época e consagrou-se, aos poucos, como o Rei do Pop.

Depois veio o clipe da música Black or White – o qual foi apresentado ao Brasil, pela primeira vez, no dominical Fantástico. Quando anunciaram que o espetáculo em imagens seria exibido, meu irmão preparou o videocassete, colocou a fita no ponto certo e apertou o REC no momento exato. Era muito impressionante como aquilo estava vivo, apesar de longe, na vida da gente. E foi assim que Jackson transformou-se, aos poucos, em um personagem chave no meu crescer.

Eu confesso que nem era tão fã, porque era novo demais na época, ouvia e gostava de ouvir, porém mais por influência do meu irmão. No entanto, hoje, tenho um carinho imenso porque passei minha infância ouvindo Thriller, Billie Jean [que, particularmente, é a minha favorita], Beat It, Wanna Be Startin’ Somethin’, Bad, Smooth Criminal... E por aí vai!

Hoje me sinto entristecido pela morte do cantor. Principalmente, por saber de toda a história de vida dele e entender claramente que, no fundo, era uma pessoa carente, triste e sozinha.

Depois de tudo que vivi, quando criança, toda aquela mágica, passei o resto do tempo ouvindo monstruosidades a respeito do personagem que embalou, diversas vezes, minhas tardes. Até me deixavam confuso aqueles noticiários, aqueles fatos, aquelas coisas. Será que aquele astro é capaz de tudo isso?

Agora olhando toda a sua trajetória, entendo que não foi bem assim e acredito, na verdade, que tudo falado, até então, foram armadilhas para se aproveitarem de seu dinheiro, fama, glamour e, consequentemente, inocência. Porque, no fundo, Michael ainda era aquele menino que brincava cantando I Want You Back fervorosamente, emocionava com a suavidade de I’ll Be There e alegrava com ABC .

É, de fato, doloroso saber que ele se foi e ver que sua história foi brilhante e entristecida. Tanto bombardeio em torno de suas atitudes, mas ninguém enxergou os traumas de criança com o pai, a fragilidade de sua saúde. Ele era um ser humano sofrido, recheado de mágoas de infância – infância essa, que ele nunca deixou pra trás. Esteve com ele até o último momento.

Curiosamente, ele caiu num silencioso esquecimento por um longo tempo de escândalos armados e saiu de cena. Mas, agora, quando abria novamente as cortinas para o seu show e estava nas rádios, boites, holofotes, prestes a estar no palco – seu habitat natural – ele se vai.

Morreu no auge. Sempre.
Adeus.

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