22.6.09

:: A ARTE IMITANDO A VIDA ::

Nesse sábado último, vinte de junho, saí comigo mesmo. Fiz um programinha clichê a um. Não tinha balada programada, nem chope, nem vinho, nem sexo. Estava em casa, entediado, frio. Troquei a roupa e fui pra rua. A priori, pensei em convidar minha prima, para fazermos alguma coisa juntos. Passei na loja dela. Conversas e conversas, vi a programação do cinema. Interessei-me. Ia convida-la, mas o público no recinto tava grande e ela entretida com a movimentação. Calei-me. Dei beijo e tchau. Fui só.

Há muito tempo que não saía comigo mesmo. Para nada. Só pra me curtir. Eu e meu eu. Olhamos vitrines, conversamos. Lanchamos hambúrguer com batata frita e refrigerante. Pegamos um cineminha. O filme? Divã. Poxa... Que viagem!

Trocando em miúdos, a trama contava a jornada de uma mulher casada que se depara com sua vida ao procurar um analista – sem motivo, a princípio. Ao se olhar, começa a enxergar que sua vida está chata, sem porquê. De acordo com ela, se havia algum problema, não era por falta de felicidade. Apenas estava tudo a mesma coisa. E começa um recomeço. Transforma-se.

Pronto... Reconheci a Martha. Minha amiga, confidente, companheira. Nossa... Quanta saudade eu sinto dela. Olhar a personagem se transformando – de mulher casada, cabelo preso, para mulher fatal, sensual, cabelo repicado. Fantástico. A Martha viveu uma jornada mais ou menos assim. De cabelo preso à cabelo repicado. Separou-se e foi viver o recomeço. Diferenças entre as personagens [a Marcêdes do filme e a Martha da vida real] são gritantes, mas algumas semelhanças são tão próximas.

Confesso humildemente que chorei. E, curiosamente, antes de começar a assistir o filme, ainda na fila, sentia-me angustiado. Sei lá. Coincidência ou não, foi diferente. Parecia uma presença.

Pode soar chato, repetitivo, eu ficar falando isso. Mas a verdade é que ninguém é capaz de compreender o que eu sinto. A minha relação com ela é surreal. É eterno e ninguém, no mundo, será capaz de destruir, abalar. É meu e dela. Só nosso.

2 comentários:

Emilia Rivera disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Emilia Rivera disse...

confesso que o medo de me reconhecer me assusta a ponto de rejeitar a idéia de sair a sós comigo. Viver experiências como a que você viveu me levam a sempre adiar este encontro.
hum...vou allí dar uma saidinha comigo mesma. abraços.