15.7.09

:: CATARSE ::

Entrei num momento de catarse. Acho que chegou a hora de eu sair de casa. Eu preciso disso.
Desde a adolescência, nos meus tempos de construção de castelos, sonho essa realização. É um desejo mesmo. Uma meta, uma aventura, sei lá! Mas eu preciso dessa coisa, desse passo, dessa libertação.

Precisar é o verbo que mais explica essa decisão. Simplesmente "preciso disso" e ponto final. Poderia facilmente dissertar trilhares de argumentos poéticos, filosóficos, literários ou dramáticos para explicar a vontade. Mas seria pura encheção de linguiça, porque a verdade é que isso é uma necessidade para a minha vida.

Eu quero ter o meu lugar. Ter a despreocupação de avisar que vou chegar mais tarde, que vou voltar, ou não, pra casa. Quero poder assistir televisão até mais tarde sem me preocupar com o meu irmão no quarto do lado que quer dormir cedo, ou com meu sobrinho que não pode acordar com os meus silenciosos barulhos.

Quero a liberdade de falar ao telefone sem me preocupar com quem está do meu lado, ou de receber aquela ligação de madrugada e poder falar em voz normal sem me encucar com quem poderá estar ouvindo.

Preciso assumir a minha vida, meus anseios, meus desejos. Minhas despesas e defeitos. Meus gastos. Aprender a administrar os supérfluos com o necessário. Pagar a conta do final do mês. Preciso me preocupar com o aluguel, com o condomínio, a luz, a água, o gás, o pão. Preciso aprender a administrar a minha vida em si. Tá na hora.

Eu quero transar na minha cama e depois tomar banho no meu banheiro. Quero cozinhar na minha cozinha para alguém que vai chegar para jantar a dois. Tomar vinho e ouvir os meus CDs - mesmo que não seja acompanhado. Eu quero a minha vida pra mim. Só minha.

Poder receber meus amigos para um papo legal na minha casa, por que não? E se eles precisarem dormir lá, por que não?

Amo todos os meus familiares, porém me amo mais. Adoro estar com meus pais, só que por um final de semana, talvez? É preciso romper com a família, uma hora. Porque ela só é boa num porta-retrato. E pode ter certeza que vou comprar um bem bonita para colocá-los.

Já aprendi a cuidar das minhas roupas. Aprendi a cozinhar, varrer e lavar. Só que toda teoria tem que ir para a prática um dia. E é chegada a hora, eu acho.

Eu quero. Preciso. E vou!

Simplesmete assumir a minha vida e dar um passo mais que importante para mim. Assumo esse compromisso. É hora de começar. Vou a luta atrás do que quero. Começar a realizar esse sonho.

À caça. Arrumar a casa. Ajeitar as finanças. Enfiar a cara.

Eu vou à luta. Não posso esperar que ninguém faça isso por mim, senão eu.

Me aguarde!

10.7.09

:: O QUE SERÁ? ::

O que será de tudo quando estivermos velhos?

Hoje pensei exatamente nisso. Vivendo uma vida-juventude, de coisas de jovem, roupas de jovem. Músicas e festas de jovem, noites e dias de jovem... Como ficará a vida jovial quando o tempo avançar?

O que será de mim quando estiver velho?

8.7.09

:: ENTÃO... VIAJEI! ::

O movimento mais impressionante da nossa vida é olhar para trás. Um mini-flahsback!

Sabe aquele momento em que você fala, numa conversa rotineira, algo que aconteceu há alguns anos atrás e passa um filme?
Então!

E numa fração de segundos você é capaz de analisar toda aquela trajetória?
Então!

E nessa análise você pensa que poderia ser tudo diferente hoje se quando aquilo aconteceu fosse tudo diferente?
Então!

E, de saldo, você descobre que pode utilizar aquilo como fonte de aprendizado?
Então!

E você pergunta por que?
Então!

E, mais uma vez, numa fração de segundos, recebe uma descarga de adrenalina como se tivesse descoberto a fórmula para resolver todo aquele problema e seu corpo estremece num tesão que entorpece e faz sua cabeça girar, a mão sai do lugar, vai na boca e um sorriso ameaça desenhar no rosto?
Então!

Mas você pisca o olho e vê que tudo não passou de um flash, de uma lembrança ruim, de uma solução impossível, de um passado chato de lembrar, de uma esperança boa e dolorosa.

VIAJAR no tempo.

7.7.09

:: FALA ::

Hoje tive uma idéia. De conversa descompromissada com um amigo pelo MSN, resolvi começar uma série – pequena, talvez – de entrevistas com amigos meus. Farei aos poucos. É uma forma de torna-los celebridades anônimas. Importantes, porém.

Começo com Vinícius. É Teresopolitano – apesar de negar – mas mudou-se daqui ainda criança, morou na cidade do Rio de Janeiro e agora reside em Itaipuaçu, região oceânica do estado do Rio de Janeiro. É jovem, envolvido em movimentos culturais e sexuais. Acredita na música e faz dela uma característica do seu perfil.

Místico por natureza, ele e sua família têm uma Tenda Cigana onde depositam sua fé – e prosperam através da caridade.

Por que você se envolveu com esse mundo dos ciganos? Como tudo começou?
Começou em 2005, eu acho. Conheci uma mulher numa sala de bate papo da UOL, sobre religiao. A gente foi resolveu conversar pelo MSN e, quando ela viu a minha foto, pirou e começou a falar cosias da minha vida. Mas antes disso, minha mãe tinha uma amiga que era chefe de uma tenda cigana. Certa vez, a entidade dela foi à minha casa fazer um trabalho, quando olhou no meu olho, me abraçou e falou: quanto tempo!

O que te levou a entrar numa sala de bate papo de religião?
Não me pergunte. Risos! Do nada resolvi entrar!

Depois disso você começou a pesquisar sobre o assunto, como aconteceu?
Sim. Comecei a pesquisar e fui me identificando com tudo que lia.

E o que mais te chamou a atenção?
Não tem uma coisa específica, não. É todo o conjunto. A identificação vai desde a música até o modo de vida. Graças a esse "mundo colorido", hoje fundei meu grupo de dança, lançado com sucesso e estou dando aula de dança também, né?

Você quer viver da dança cigana?
Olha, não digo viver em absoluto, mas é um hobbie que deu e continua dando certo como extensão de profissão. Minha área está dentro desse mundo cultural e a dança é incluída. E é bom ter outras opções mais garantidas de se manter.

Qual sua área de trabalho?
Sou formado em Propaganda e Marketing.

Falando em cultura, Vinicius, você acredita nela como forma de conscientização social?
Com certeza. É um passo principal pro crescimento de qualquer pessoa. Expande as idéias! O horizonte vai além do que supostamente se permite.

E o que se permite?
Uma vidinha rotineira, sem a busca de mais conhecimento. Tanta gente deixa de viver porque acha que o que tem é suficiente e é aí que entra o incentivo à cultura. Com ela a pessoa enxerga além. Muito além! E ainda tem a oportunidade de criar novas expectativas pra si próprio.

O que quer ser quando crescer? Ou já é tudo o que quis ser?
Não cheguei nem na metade, ainda! Risos. É complicado definir o que eu quero ser, porque não sei o que o destino reserva para mim. Mas sei exatamente o que não quero e isso já é um bom caminho andado.

Então conta pra gente o que você não quer ser!
Infeliz! Basicamente isso.

Felicidade é o primordial?
Sem duvidas!

Tem algum pecado inconfessável?
Não. Até porque nunca me arrependi das cosias que fiz.

Logo acredita que nunca pecou?
Não disse que nunca pequei, mas nada que seja considerado inconfessável. Pecado seria dizer que nunca pequei.
Risos.

O que te motiva a continuar vivendo?
O amanhã.

E o que espera dele?
Sinceramente, não sei o que espero. Eu vivo e levo a vida... O amanhã é uma surpresa. Não tenho o costume de me questionar sobre o que vem pra mim ou o que vai embora. As portas sempre estarão abertas.

2.7.09

:: ETERNIZADO ::


Hoje, o que mais se fala é na morte de um mito. No fim de um ciclo. Término de uma era. Michael Jackson deu adeus, fatalmente.

Particularmente, estou impressionado, entristecido, talvez magoado com a morte desse artista. Desde criança ouço seus clássicos. Meu irmão é fã e assistia repetidamente seus videoclipes e decorava os passos que o cantor eternizou. Aprendeu a fazer o “moonwalking”.

Lembro-me, claramente, do dia em que meu irmão ganhou o disco de vinil do álbum Thriller. Algum tempo depois, meu tio trouxe, dos Estados Unidos, uma fita K-7 de Bad. Foi o êxtase e uma overdose do mito. Ele era a sensação da época e consagrou-se, aos poucos, como o Rei do Pop.

Depois veio o clipe da música Black or White – o qual foi apresentado ao Brasil, pela primeira vez, no dominical Fantástico. Quando anunciaram que o espetáculo em imagens seria exibido, meu irmão preparou o videocassete, colocou a fita no ponto certo e apertou o REC no momento exato. Era muito impressionante como aquilo estava vivo, apesar de longe, na vida da gente. E foi assim que Jackson transformou-se, aos poucos, em um personagem chave no meu crescer.

Eu confesso que nem era tão fã, porque era novo demais na época, ouvia e gostava de ouvir, porém mais por influência do meu irmão. No entanto, hoje, tenho um carinho imenso porque passei minha infância ouvindo Thriller, Billie Jean [que, particularmente, é a minha favorita], Beat It, Wanna Be Startin’ Somethin’, Bad, Smooth Criminal... E por aí vai!

Hoje me sinto entristecido pela morte do cantor. Principalmente, por saber de toda a história de vida dele e entender claramente que, no fundo, era uma pessoa carente, triste e sozinha.

Depois de tudo que vivi, quando criança, toda aquela mágica, passei o resto do tempo ouvindo monstruosidades a respeito do personagem que embalou, diversas vezes, minhas tardes. Até me deixavam confuso aqueles noticiários, aqueles fatos, aquelas coisas. Será que aquele astro é capaz de tudo isso?

Agora olhando toda a sua trajetória, entendo que não foi bem assim e acredito, na verdade, que tudo falado, até então, foram armadilhas para se aproveitarem de seu dinheiro, fama, glamour e, consequentemente, inocência. Porque, no fundo, Michael ainda era aquele menino que brincava cantando I Want You Back fervorosamente, emocionava com a suavidade de I’ll Be There e alegrava com ABC .

É, de fato, doloroso saber que ele se foi e ver que sua história foi brilhante e entristecida. Tanto bombardeio em torno de suas atitudes, mas ninguém enxergou os traumas de criança com o pai, a fragilidade de sua saúde. Ele era um ser humano sofrido, recheado de mágoas de infância – infância essa, que ele nunca deixou pra trás. Esteve com ele até o último momento.

Curiosamente, ele caiu num silencioso esquecimento por um longo tempo de escândalos armados e saiu de cena. Mas, agora, quando abria novamente as cortinas para o seu show e estava nas rádios, boites, holofotes, prestes a estar no palco – seu habitat natural – ele se vai.

Morreu no auge. Sempre.
Adeus.